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É tempo de: Pyrostegia venusta


By Geraldo M. Pereira | maio 17, 2016 | Category Botânica, Táxons

Assim que a temperatura vai tomando ares mais frios e a chuva já escassa, lá pelo mês de maio avançando quase seis meses a fio de condições adversas em que o cerrado se veste de cores pálidas,

grande parte da vegetação abre a temporada de descanso. Muitas plantas, porém, justamente nesse período de maior complexidade, mostram todo o seu esplendor. É quando a flor-de-são-joão começa a se enfeitar. Surge a bela e flamejante florada enfeitando a beira das estradas, das matas, os cercados e até mesmo as árvores que guardam o seu viço. O cipó-bela-flor vai lançando suas gavinhas, escalando, pedindo licença, se emaranhando cuidadosamente entre os ramos e entroncamentos – se deixar não acha o limite. Quer mesmo é encher de delicadas chamas incandescentes o painel multicor do diverso cerrado. Ocupa na cena o seu espacinho, fazendo inveja ao sol. Bem mais que isso, é como se Pyrostegia venusta prenunciasse a florada dos belos ipês e outras Bignoniaceas imponentes que estão por vir.

Então, vamos conhecer um pouco mais sobre a marquesa-de-belas?


Conhecendo a flor-de-são-joão

Classificação Científica
Reino:
Plantae
Divisão:
Magnoliophyta
Classe:
Magnoliopsida
Ordem:
Lamiales
Família:
Bignoniaceae
Gênero:
Pyrostegia 
Espécie:
P. venusta
Nome binomial:
Pyrostegia venusta 
(Miers)
Sinônimos:
Pyrostegia ignea, Bignonia venusta, Tynanthus igneus

Flor-de-são-joão, cipó-de-fogo, cipó-bela-flor, cipó-de-são-joão, cipó-pé-de-lagartixa, cipó-de-lagarto, marquesa-de-belas, Pyrostegia venusta é uma trepadeira lenhosa do gênero  Bignoniaceae encontrada em praticamente todo o território brasileiro com maior ocorrência no domínio cerrado. Ocorre também em diversos outros países da América do Sul.  É comumente visto sustentando-se sobre árvores e cercas que seguem ao longo de estradas rurais geralmente em espaços abertos. Dependendo do sustentáculo pode chegar a vários metros de altura. A floração é vistosa, as suas bela flores alaranjadas destacam-se na paisagem, contrastando com a coloração que neste período o cerrado assume, rememorando com insistência a palidez das folhas mortas e do exigente solo. Aliás, podemos considerar a florada da flor-de-são-joão como o prenúncio das demais floradas que farão o seu espetáculo no cerrado – os belos ipês, a sucupira-preta (Bowdichia virgilioides) e mais uma centena que provam ser a savana brasileira sim um incrível espetáculo multicor.

Os ramos de  Pyrostegia venusta são glabros (não possuem pelos), neles podem ocorrer alguns tricomas (prolongamento das células epidérmicas que pode variar de tamanho e funcionalidade) nos nós (pontos na estrutura vegetal de onde saem as folhas e flores). As folhas apresentam dois folíolos ovalados ou lanceolados, cartáceos (estrutura com consistência como a da cartolina) com gavinhas trífidas no ápice (divide-se em três na sua maior extremidade). Geralmente trifoliadas (o mesmo que ternada, folha composta que apresenta três folíolos) com pecíolo pubescente. A inflorescência é do tipo panículas (cachos) axilares ou terminais, subcorimbosas ou densas e cálices geralmente sobrepostos, ramificados uma ou duas vezes ou não ramificados. A corola é tubular infundibuliforme (em forma de funil) e estreita, de intensa coloração alaranjada ou vermelho alaranjada – menos comumente amarelada. O fruto é uma cápsula (fruto deiscente e seco, formado por diversos carpelos sincárpicos) com aparente nervação central não conspícua. As sementes são envoltas por uma membrana e são levadas pelo vento quando da abertura dos frutos – dispersão anemocórica.

Pyrostegia venusta tem como autoridade descritiva John Miers, botânico de origem Britânica que fez importante trabalho sobre a flora da América do Sul, principalmente no Chile e na Argentina. A abreviatura padrão utilizada para indicar a sua autoridade descritiva é Miers. 
O seu nome científico – Pyrostegia, conforme The names of plants é uma referência à coloração da corola tubular, a corola, pela sua coloração de um forte vermelho alaranjado como o fogo;  e venusta, (venustus, bela, graciosa, charmosa) – quer dizer, em livre transliteração “graciosa flor com pétalas como o fogo” ou, “(planta) com a bela corola cor de fogo”.
O nome comum pelo qual é mais conhecida – flor-de-são-joão – deve-se ao fato do período em que ocorre a florada, época de festas juninas, e ao fato de ser utilizada para enfeitar os locais onde ocorrem essas festividades.

Na cultura popular Pyrostegia venusta é utiliza no tratamento do vitiligo e outras afecções da pele, crises de tosse e doenças comuns do sistema respiratório. Utilizado também no tratamento de diarreia e vômito. Estudos indicam que soluções extraídas da planta têm enorme potencial  no tratamento de doenças comportamentais. Qualquer uso porém deve ser feito com cuidado e nunca como principal alternativa e sim como coadjuvante.
 A planta tem enorme potencial paisagístico podendo ser perfeitamente utilizada para ornamentar jardins, praças e quintais.


Saiba mais: Comportamento fenológico da liana Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers (Bignoniaceae) em área de cerradão na Estação Ecológica de Assis, SP, Brasil, Wikipedia, Diagnose Morfoanatômica de Folha e Caule de Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers, Bignoniaceae, Flora Brasiliensis – A Obra, Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers: A Botanical, Pharmacological and Phytochemical Review, Constituintes químicos das raízes de Pyrostegia venusta e considerações sobre a sua importância medicinal, Glossário de Botânica, Flora de Santa Catarina.

GMJP


2 thoughts on “É tempo de: Pyrostegia venusta”

  • Alexandra disse:
    agosto 15, 2020 às 12:06 am

    Oi. Há o trabalho de Gobatto-Rodrigues & Stort (1992) sobre os beija-flores que polinizam as flores dessa linda trepadeira.

    Responder
    • Geraldo M. Pereira disse:
      agosto 22, 2020 às 8:36 pm

      Obrigado Alexandra pelo comentário. Vou pesquisar sobre o trabalho para saber mais. Agradeço a dica.

      Responder

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