Curvelo Fauna e Flora
Menu
  • Flora do Centro Mineiro Vol.1
  • Contato
  • Flora do Centro Mineiro Vol.1
  • Contato

O fantasma do cânion


By Geraldo M. Pereira | agosto 4, 2018 | Category Aves, Expedição, Opinião, Visão dos amigos

*Baseado em fatos reais

Gonzagão ecoou com o seu Pagode Russo no aparelho celular – Troada do cão essa bosta de toque que você usa, reverbera no cerúmen bicho! –Niquitibio era daqueles resmungões doutos, dado a constantes rompantes de mau humor mesclados a palavras de baixa propriedade para qualquer momento e anedotas de sarcasmo duvidoso, mas uma boa pessoa.
– Você Niquitibio é um aculturado, tem que bater palmas para essa canção.
 Atendi a ligação e do outro lado uma voz esbaforida:
_ Cês corre pra cá que a assombração voltou!
_ Calma seu Griseu, é o barulho que vem do cânion?
_ Sim, vem de lá aquele trem doido, surrando os ouvido da gente, o povo tá tudo num medo só, prá mim uma bestage cê sabe…
Há algum tempo esperávamos essa ligação, fiz um sinal para Niquitibio que se preparasse. Do outro lado da linha era Griseu, dono de um local espetacular onde um cânion rasga as montanhas incríveis do campo rupestre. A cidade de Presidente Kubitschek guardava nas entranhas do Espinhaço além das incríveis paisagens e belezas naturais relatos e divagações do mundo fantástico, lendas sobre pessoas e coisas, e coisas e pessoas travestidas em lendas. O nosso objetivo era encontrar uma dessas aberrações: a assombração do cânion! Nosso plano: fotografar a assombração, apenas isso. Ou quase somente isso, o meu amigo era fascinado pelos seres fotossintetizantes do reino Plantae.
_ Junta os trem Niquitibio que amanhã vamos para o Espinhaço.
_ Merda – respondeu, enquanto buscava numa mochila camuflada o carregador das baterias da câmera e fazia aquele cacoete irritante de chupar os dentes. _ Então sairemos bem de madrugada, tomara que o Griseu ainda tenha aquela pinga lá. Bom, espero encontrar algumas carnívoras Utricularias e quem sabe a incrível Clusia diamantina. Pleroma aemula então, vixe!
_ Você e suas plantas. Se acharmos a assombração estará de bom tamanho. Vai ser bom também ver as águias serranas, agora é época de nidificação e deve ter filhote nas pedras. Queria passar no Camilinho também, tentar umas coisas diferentes lá.
_ Vamos sim, eu dirijo, você é uma desgraça no volante.  Não podemos ter pressa. E muda os toques desse celular, coloca trem que presta, essas bosta que você ouve dá dor de cabeça.
Saímos de Curvelo às três da manhã, os meus bocejos cessaram somente depois de uma golada generosa de leite queimado quente, já próximo ao Morro do Coroado em Presidente Juscelino.
_ Engraçado essas cidades, Presidente Juscelino e Presidente Kubitschek, o homem foi mesmo importante. Mas prefiro chamar Presidente Juscelino de Paraúna ou Preju.– Niquitibio disse, jogando conversa fora e insistindo em chupar os dentes.
_ Ele só foi presidente da republica, né cavalo! E chega lá na cidade e chama de Preju pro cê ver o que acontece?!  Lembra quando subimos o Coroado?
_ Lembro, você tirando foto daquelas frescuras na parede.

_ Pinturas rupestres, arte dos povos anteriores! E para com essa chupação desgraçada de dentes!!!
_ Tá, aqueles peixes de homens da caverna. Não me esqueço da Trichocentrum, que orquídea foda véi! E você tem que se tratar de novo, está voltando a ter problemas com os barulhos…
Passamos por Presidente Juscelino e avançamos sobre o rio Cipó Paraúna, adiante o rio das Velhas. Logo, como no despertar de um momento radiante, aquele átimo em que acordamos em um dia agradabilíssimo e surpreendente: à nossa frente transborda o Espinhaço, o deslumbrante Planalto de Diamantina e a força das raízes que entranham a areia e a pedra, as águas que brotam dos cumes absurdos, o frio e o quente se misturando em intervalos incríveis – ora o sol pelando implacável o couro cabeludo dos sem chapéu desavisados, ora o corte gélido do frio e seus rompantes em lufadas de vento desafiando as rugas do rosto; a harmonia entre o sutil e o bruto denominado campo rupestre!


Chegamos à região do Morro do Camilinho aonde para quem vai sentido Gouveia a bela formação rochosa em forma de corcovas se ergue espetacular à frente. À esquerda os moinhos de vento que não surpreendem terem se transformado em armações de aço e pás cortadas diuturnamente pelo vento algoz sem gerar força para uma lâmpada sequer. Quixotesco elefante branco. Ainda era noite e as pás fantasmagóricas estavam absurdamente bem visíveis assim como o Camilinho – se escreve assim mesmo, está na beira da estrada em letras oficiais. Conferi no celular se as vocalizações de todas as aves de Minas que tinham me tomando um tempo enorme para conseguir, pedir, baixar e gravar estavam em ordem.

_ Podíamos tentar uns bacuraus… – falei comigo, divagando um balbucio a toa.
_ Bosta que vamos parar, pega o café aí pra mim que é melhor. _ Servi então ao meu amigo rabugento que bebeu num só gole o café pelando. Aquilo desceu como uma pedra fazendo um terrível barulho _Disgraça!!! – E depois desse desabafo do camarada impaciente recostei a cabeça contando mentalmente até dez para não desferir-lhe um murro devido aos sobressaltos audíveis da sua goela. Por fim me acalmei e até tirei um cochilo. Passamos pelo Camilinho sem a visita que eu desejava.
            Acordei com um safanão _ Olha lá, olha lá – Niquitibio disse apontando para uma ribanceira já numa estrada de terra. A certa altura, lutando contra o vento um belo gavião-de-rabo-branco plainava. Consegui algumas fotos miseráveis enquanto o robusto predador mergulhou no abismo. _Eita trem! – pensei comigo. Já era dia e as montanhas do cânion perdiam o tom azul do horizonte e vinham se mostrando em suas curvas e formas incomensuráveis, silhuetas e abrigos; a luz do sol esgueirando as escarpas do Espinhaço. Quantos absurdos a se desvendar nesse mar de montanhas! Niquitibio parou o carro sobre uma ancestral ponte de madeira, abaixo um rio de águas escuras como tantos que correm na região. Desci do carro com cuidado, pois do meu lado era um leve empurro e já se estava lá embaixo. Niquitibio fincou-se diante uma moita frondosa.
_ Vem bicho, olha que trem bão essa Campomanesia adamantium!
_ O quê?
_ Gabiroba filho duma égua, guabiroba!                         
Realmente, a tal guabiroba Campomanesia adamantium era deliciosa. A polpa mucilaginosa e o sabor sem igual de goiaba com cheiro de terra molhada. Pena o ranço que deixa na garganta depois.


Lavamos as mãos nas águas daquele belo riacho e seguimos viagem. Naquele ponto matas densas intercalam-se ao campo limpo e ao campo sujo, árvores enviesadas pelo vento são comuns nos topos e não raro seixos de dimensões variáveis se expõem na paisagem. Adiante os paredões desnudados por milhões de anos de intempéries, as vertentes esculpidas pelo suave e inevitável afago do tempo. De repente, saído de uma área entre paredões como um anfiteatro natural um sujeito maltrapilho, barbas longas de anos por fazer e olhos em brasa pulou diante o carro. Niquitibio juntou no freio _ Olha que botão da marafia, vou descer o cacete nele!_ segurei o meu amigo para que não agisse pela neurastenia, desci do veículo nesse ínterim enquanto o homem abriu os braços bradando: _ Não vai pro cânion, não vai pro cânon! _ de impulso abaixei entre a roda dianteira e o barranco da beira, receio do que podia me surpreender de lá.  O homem continuou _ Cês é tudo doido, o cânion tá mardicioado, o pote de ouro tá marrado, tá marrado pelas mão do coroné! O coroné vai jogar a pedra nocês! _ Dito isso correu para o mato quebrando galhada no peito. Entrei no carro novamente e Niquitibio acelerou rindo daquilo tudo _ Viu o que o tarado fez? Safado, deve tá indo cagar! _ e gargalhava na mesma altivez com que o doido gritava. Eu ri sem graça e, para o nosso ainda bem a porteira do cânion despontou após uma área íngreme de pequenos arbustos e muitas Melastomatacea. _ Esse é o paraíso dessa família_ Niquitibio disse, enquanto fotografava com uma das mãos a, nas palavras dele, Miconia ferruginea.

Griseu nos aguardava com a porteira já aberta. Meneou o chapéu com a nossa passagem, os olhos semiabertos e o corpo sempre hirto, os passos metodicamente calculados, pisando em ovos. Caboclo sisudo, de pouca expressão, quase nenhuma. O seu rosto um eterno disfarce, de quem passa despercebido mesmo estando entre dois, deixava a impressão de não querer estar jamais – o seu conforto era não ser notado. Niquitibio convidou para que entrasse no carro. Fez que não era com ele e seguiu em frente a pé, pelo mato mesmo, caminhando entre as árvores, amassando as folhas secas com a astucia de um mateiro curupira.
_ Bicho filho de rapariga, tomar no cu viu! – Niquitibio esbravejou enquanto acelerava – Vou fazer esse bosta comer poeira!  _ Surpresa foi quando paramos o veículo e o seu Griseu já se servia de café com leite e bolo de fubá tranquilamente sentado olhando o horizonte da porta da construção esverdeada. Deixei de achar estranha muito coisa; aliás, o que é mais esquisito que as bizarrices da vida? Peguei as minhas tralhas enquanto Niquitibio puxava uma cadeira e se colocava ao lado de Griseu. Niquitibio e Griseu, que figuras! O desbocado e o taciturno.
_ Cê tá me riliano por causa da cachaça, tá lá no tonel _ Griseu falou para Niquitibio, sempre mirolhando o horizonte.
_ Você é uma desgraça, pelo menos sabe fazer pinga. _ Niquitibio se serviu de meio copo americano _ Nunca vi fazer chorona igual…
Enquanto eles se entendiam ajustei o foco de uma das lentes em um galho de mouriri.
_ Ô magricela, vem comer o bolo, temos que falar dele… _ Griseu acarinhava o tabaco sobre a palha meticulosamente desenhada. Enrolou com as pontas dos dedos. Depois jogou fora no quintal.
_ O velho quer ensinar a você a fazer bolo de fubá! _ Niquitibio emendou, no que Griseu retrucou:
_ Essas artes passei pra sinhora que escarrou ocê no mundo_ e escarrou de verdade, no que senti asco, mas não podia ser descortês. Niquitibio levantou bufando em direção à cachaça:
_ O pior é aguentar esse veio dos infernos!
_ Acho que vocês se parecem, são quase a mesma coisa, Niquitibio e Griseu – uma coisa só! _ Os dois repreenderam com veemência esse meu comentário. E o silêncio entre as vozes se fez. Assomou-se na quietude das cordas vocais as necessidades audíveis da natureza. Ao longe as bandoletas festejavam em coro, taperuçus avançavam do cânion para a casa em rasantes tresloucados. O risadinha fez mofa de alguma coisa enquanto o vento cantava a sua ode plangente ao  resvalar com violência nos paredões do cânion. O repicado lírico das seriemas era possível atrás dos montes. A saíra-ferrugem brincava entre as flores dos muitos pés de candeia que, daquele ponto adiante formavam um corredor avançando para os paredões. Aqui e ali, na área à frente da casa onde Griseu chamava de quintal cresciam singelas flores amarelas e alaranjadas – as cambessedessias, canjeranas e a estelar flor-do-cerrado.

Cambessedessia hilariana

Canjerana – Calabrea canjerana

Flor-de-cerrado – Gomphrena arborescens

Lá embaixo um grotão de onde vinham cantos de toda sorte de ave. De um frondoso pequizeiro ao longe voou o majestoso aracuã-de-barriga-branca.
_ Ô Ayaymama, corre cá!_ Griseu gritou num repente de causar calafrios.
_ Faz isso não velho filho de rapariga! _ repreendeu Niquitbio enquanto se recompunha da queda que levara devido ao rompante de Griseu. Não posso negar que sacolejei todo. Não se pode soltar a voz assim, de pronto em meio aos seus convidados, caso de dar vento virado e espinhela caída em qualquer mouro, cristão ou doutor letrado.
            Ayaymama era uma mulher de poucas palavras. Seus olhos arregalados denotavam cisma de tudo e de todos, como se à espreita sempre estivesse a fera antiquíssima determinada ao derradeiro bote. A melancolia lhe transpunha qualquer tentativa de afeição e seus trajes rotos continuavam a absorver-lhe toda intenção de camaradagem. Contudo, não causava repulsa, parecia sempre precisar de um afago, dava na gente a vontade de abraçar misturada com o querer longe. Bicho homem é estranho mesmo, por isso temos tanta dificuldade em alcançar a felicidade. Ela parou ao lado de Niquitibio e Griseu e, naquele momento tive a nítida impressão de que aqueles três seres eram obra do noturno, causas da noite e bem dados ao instante do zênite. Enquanto confabulava com os meus botões Griseu orientou Ayaymama a buscar as outras pessoas da casa. Ela meneou positivamente a cabeça e saiu muda assim como chegou. Depois que a mulher sumiu na curva da estrada ele nos dirigiu a palavra:
_ Ayaymama é uma boa pessoa, tem um sorriso muito bonito. Ficou assim depois que tomaram o menino dela. Quando apareceu aqui já tava de barrigada, depois de parir deixava o pequeno horas e horas sentado num toco lá na beira da água no cânion. Esse toco tá lá até hoje. Eu gosto muito da risada que Ayaymama tem. Ói passou muito tempo nesse trem assim. Um dia ela chegou cheia de uais perguntando se o menino tava aqui. Arroiado nem dei confiança, ela ficou o dia inteiro caçando o barrão. À noite voltou com as mão nas iscadêra.  _Capaz que passou um e levou ele _ dei meu pitaco, mas pra mim o menino fez foi caçar rumo por conta própria. De vez em quando eu ficava de butuca nele, pensa num crus-credo! Pois então que desde o sumiço ela é assim. Apeguei dela, me deu Urutagua, flor de menina e Urutago – que já é o home da casa na verdade. E dês jeito nós vai pelejando. Ói ês lá!
            Urutagua era menina nova, cheia das meiguices que essa etapa da vida resolve de preencher. Apenas sorriu pra nós e foi pro fundo do quintal _ Vou catar guabiroba. Urutago de meigo era nada, brutão falador matraqueiro, voz de treme terra, todo nos movimentos de braços _ Cês tão bão! _ e já me puxou num caloroso abraço. _ Toma cachaça secão? _ me perguntou e, antes de qualquer resposta já me serviu um trago de dois dedos. _ Esse seco até hoje nos trivial, toma só um cadim besta!_ Enquanto eu pelejava com a bebida ele apertou eufórico a mão de Niquitibio _ Seu bosta falador de trem que ninguém entende! _ E, de propósito deu três tabefes nas costas do meu amigo dendrófilo que de pronto retribuiu. Gostavam dessas gentilezas, sempre se deram bem. Ayaymama retirou o bolo _ Dá aqui mãe! _ Urutago foi de um avanço e tomou o restinho do bolo e encheu a boca, cheio de sons, estribilhos intermináveis de uma algazarra de dentes e línguas e beiços, coisa desgraçada aquele jeito de comer. E ainda se pôs a falar! E pior ainda: entendiam o que ele falava! Saí dali numa rapidez felina. A chatura não é das minhas máculas, mas sempre me causou asco e vontade de bater esses rebuliços entre a boca e o alimento.
Urutagua voltou com uma espécie de algibeira oliva com alça trançada e carregada de guabiroba. Niquitibio encheu as duas mãos e, transbordando que estava, esticou a camisa e nela depositou as goiabinhas.
_ Olha que drupas maravilhosas! E o sabor, que trem danado…_ ele mandava ver enquanto Griseu mergulhava um punhado numa garrafa de pinga. Eu ainda tinha lembranças do ranço que ficou na minha garganta quando da experiência anterior com a frutinha, de forma que abri o cantil e dei uma golada demorada para disfarçar. Após generosas sorvidas limpei o excedente com a manga da gandola já gasta por anos de passarinhada pelos Gerais. Enquanto enroscava a tampa da cantimplora emendei como a jogar conversa: _ E a assombração? _ Todos me olharam circunflexos, como se aquele assunto precisasse de uma introdução em outros termos, melhor elaborada. Ouvi da boca de Niquitibio os estalos das guabirobas sendo trituradas, o que me causou uma profunda revolta interior. Enquanto mentalmente eu contava até dez aliviando assim os meus arroubos misofônicos Urutago falou com a sua natural voz de urro:
_ Uai sô, cês vieram então por conta disso de novo?
_ Da última vez a assombração assombrou com ocê! Tem base?_ Griseu interrompeu o filho com um ar de chacota.
_ Né sombração não, o sinhô sabe. Esses dois besta tão aqui porque pra ês nesse trem tem fera. O magricela e o cheirador de florzinha num ia largar lá do São Geraldo pra vim aqui atrás de avejão. Já mostrei procês o que esse trem fez comigo? _ Urutago levanta a camisa e, entre as vértebras três arranhados. _ Urutagua também tem, só que na perna. Ô Urutagua corre cá! _ e, obedecendo ao irmão a menina veio do recôndito atrás do quentinho do fogão a lenha _ Mostra o trem na perna _ as cicatrizes eram deveras muito parecidas, com certeza tiveram a mesma fonte causadora.
_ Isso não é marca de bicho, garra nenhuma faz estrago desse jeito. _ Niquitibio olhava bem de perto a marca da menina e levantava a camisa de Urutago. _ São marcas causadas por instrumento, lembra muito ranhuras de cultivador, daqueles de três pontas, pequenos, usados para abrir a terra, mas nesse caso parece que foi amolado. Eu gostaria sinceramente que essa fera não fosse um bípede da maldita subordem antropoidea. _ Indaguei meu amigo dendrófilo que não era possível apenas pelas cicatrizes se chegar a tal conclusão_ Talvez seja obra de tamanduá, lembra aquele recente caso em Diamantina?
_ Ali o cabra quis dá de valentão, os cachorro já tinha o bicho acuado e ele meteu o pé. Já vi tamanduá aqui sim, mas, sei não, os trem acontece tudo a noite né… _ Griseu fez careta ao sorver da cachaça embebida na guabiroba _ E o lamento, tamanduá por caso chora feito mulher que perdeu o filho, criança abandonada de mãe? Cê besta sô!  Isso pra mim é coisa da noite sim, excomunhão de gente de outra vida, choro de escravo fugido. Aqui, quando chora lá no cânion tudo isso parece atazanado, sobe um rebuliço nas coisas da noite, depois o tempo fica calmo, feio, um soprão de quando em quando, a gente só espera o de repente, o trem é cabuloso demais né Urutagua?
_ Curuiz pai, gosto de lembrar não, nú! _ ela respondeu abraçando Griseu pelo braço.
_ Uai, to lembrando aqui, _ Niquitibio interpelou como a quem se acende a eureca. _ Um sujeito entrou na nossa frente lá na estrada e falou uns trem esquisito, de um coronel e ouro…
_Bestage que o povo fala _ Griseu interrompeu como se estivesse evitando o assunto. Do quintal as galinhas entraram em algazarra, a deixa para o assunto se perder de vez e o velho emendar: _ Vem ver, é as águia, repara só _ isso já no quintal e apontando para cima. Eu, claro, interessadíssimo.


_ O menor deles vem por baixo, faz que vai atacar e some. Tá vendo lá bem mais em cima, é o maior. As galinhas logo vão voltar ao seu ciscar habitual, aí o grande desce num mergulho de dar medo, certeiro: sempre leva uma…

A essa altura já estávamos no quintal espectadores daquela incrível rapinagem. Assim como Griseu descrevera a ave menos corpulenta, certamente o macho, voejou em rasantes pelas árvores próximas. As galinhas e galos e pintinhos saíram em um absurdo salve-se quem puder. Aquele, porém, foi para longe após a suposta investida e em pouco tempo o quintal já estava repleto de apetitosos seres ciscadores. Em um repente absurdo surgida do nada a ave maior, com certeza a fêmea, mergulhou e se atirou apontando as terríveis garras para um galo índio que não negou o impacto: caiu falecido instantaneamente! Ela cravou-lhe ainda mais as unhas e alçou voou, sendo seguida por aquele que preparara toda a emboscada, os dois conversando sobre o sucesso do empreito, majestoso casal de águias serranas.
Após a correria pelo incrível ataque do casal de rapinantes Ayaymama ressurge da cozinha batucando freneticamente com uma colher de pau numa enorme tampa de panela. O que seria dessa vez? _ Vamo pra boia povo, Ayaymama está chamando pro almoço. _ Com esse aviso de Griseu entendi os acontecimentos. Eu deveria já ter me acostumado que a mulher não podia simplesmente avisar como de praxe, é de suma importância que aja nesse mister. Recolhemos, portanto qualquer ímpeto para qualquer coisa e fomos comer. Frango com quiabo, angu e arroz branco, quem na vida precisa de mais que isso é eterno padecente.
Depois do almoço, que se deu como hora em pensamento Niquitibio bebeu dois tragos de pinga e levantou num arrebate: _ Não vamos sestar, vamos é para o campo rupestre! _ Puxou Griseu pelo braço no que todos, como soldados arregimentados seguimos o desbesteio daqueles dois entre a alameda de candeias. Logo o cânion se impôs – altivos paredões a cercar como alvoroçada fortaleza os campos de sempre-vivas e canelas de emas e bromélias e cactos de todas as formas, cores e tamanhos. Revoadas de taperuçus enchiam o celeste de escuros pontos em rasantes impensáveis.

Tibouchina stenocarpa
Cambessedesia longifolia
Miconia ferruginata
Lavoisiera imbricata
Miconia stenostachya
Leandra sp.

Niquitibio fez sinal para que nós nos aproximássemos. A menina Urutagua pouco fez de todo o entusiasmo que dele transpirava e ficou ali correndo entre os murundus de terra preta. Chegamos perto e, ajoelhado diante uma delicada florzinha, disse:
Pleroma aemula (DC.) P.J.F. Guim., A.L.F. Oliveira & R

_ Olhem que preciosidade, essa é a mais linda das flores, a Pleroma aemula _ e, apontando para o arredor: _ Aqui, meus amigos a quem falta o desatino de olhar verdadeiramente o que é belo, o profundo das coisas em sua imensidão particular, aqui seus apedeutas é o paraíso das Melastomaceae. Aí, inscientes duma figa, devem estar se perguntando: ah, o que esse viado tá falando? Que trem é esse mela sem lá o quê? Melastomatecea cretinos é uma família de plantas de folhas simples, muitas espécies têm hábito herbáceo, vejam essa quantidade de lindas ervas! E essas flores, aliás, maiormente bissexuadas! São mais de cinco mil espécies seus ignorantes e aqui nós temos Tibouchina, Cambessedesia, Pleroma, Miconia, Lavoisiera, Leandra… _ A essa altura Niquitibio já estava em um monólogo, pois cada um tomou seu rumo na imensidão daquele espetáculo de mundo particular do Brasil interior. Reparei em um avançado de sempre-vivas, a enorme quantidade de graciosas alvas circunferências cheias de botões singelos a se perder de vista. Numa rocha enegrecida graciosamente enraizada uma florzinha dourada se destacava, suas belas folhas em riste partiam de uma pequena touceira assim como o pendão da flor que se espalmava em cume de seis aprazíveis pétalas de ouro. Niquitibio teria um colapso se me visse nessa descrição, ele diria com certeza “É UMA BARBACENIA RIEDELIANA SEU QUADRÚPEDE RÚDE E RUMINANTE!!!” assim mesmo, bradando; mas como estava embebido em melastomatáceas e cachaça o resto do mundo era apenas um aquém de um porém sem importância.


E naquele momento até eu deveras tinha me esquecido da passarinhada que é o motivo que me leva a desbravar os Gerais. De repente um grito! Todos olhamos em direção a uma reentrância de rochas ornamentadas por pendentes bromélias cor de rosa. Logo reconheci ser aquele homem maltrapilho que da nossa chegada tinha atravessado na frente do carro. Gritou mais uma vez emendando com um sonoro “Saiam do cânion, saiam das terras do coroné!!! O ouro! O ouro!” e foi nessa toada até ser alvejado nas costas por um safanão desferido por Urutago. _ Gritaiada disgraça! _ disse, enquanto o homem se reorganizava em tosses e resmungos inverossímeis.

_ Trem danado sô, de onde veio esse sujeito? _ Todos tínhamos em nossas faces a mesma impressão de uai, muito embora Niquitibio e eu já tivéssemos tido uma experiência anterior com o aquela pessoa de vestes rotas e barba por fazer.
_ Cês tem uns jeito, ai, ai…_ Enquanto o homem se levantava utilizando de apoio a rocha coberta de musgo e delicadas orquídeas nos colocamos em sua volta. Ayaymama apareceu por ali também, confesso não tinha notado a sua presença. Ela observava a criatura com um interesse maior, intrigante até, enrugava a testa como quem busca na memória uma lembrança. Ele emendou, já recomposto: _ Cês, eu, bem, o coroné deixou o ouro foi lá no buraco do cânion, lá nas fenda, lá ó! Cês sabe, veja bem aquele toco na beira do rio, ali eu me criei, de lá o ouro cega a gente, cê besta! Uai, a mãe um dia se foi e não voltou aí me apeguei de ir no ouro, mas o ouro não é prá mim nem prá ninguém, o ouro é do coronel… A mãe foi e não voltou, eu que só queria mesmo era ver o ouro…
A essa altura Ayaymama já se desmanchava em lágrimas. _ Ibijaú, Ibijaú! _ e agarrou-se de tal forma ao doido que foi necessário a intervenção de Griseu para que ele não fosse sufocado. Olharam-se após a intervenção e gritavam em simultâneo “a mãe, a mãe” e “meu filho, meu filho”. Abraçaram-se. O céu se abriu em um celeste de alegria, os taperuçus revoaram em um circulo de balé, o risadinha e as bandoletas comemoraram em coro assim como o batuqueiro. O vento assobiou de alegria e todos aplaudimos no que disfarçadamente Niquitibio enxugava uma lágrima.
            Enquanto a natureza se encarregava de embelezar ainda mais a cena Griseu se dirigia para o cânion, avante ao lugar onde Ibijaú apontara como de onde vinha o brilho do ouro. Logo foi seguido por Urutago que refugou próximo a água do rio. Niquitibio aprontou uma carreira que chamou a atenção de Ibijaú _ Meu ouro! Meu ouro! _ desgarrou-se de sua mãe e foi naquela toada no que, não sei o que me deu, saí correndo também. Ayaymama ficou de braços abertos olhando todo aquele exaspero dos homens e Urutagua surgia com suas goiabinhas aproveitando o abraço da mãe que esperava. Aninhou-se em seu colo no mesmo instante em que Griseu se atracava com Ibijaú, Niquitibio se deixava ao chão em uma gargalhada estranha e eu me via já do outro lado do rio, subindo as fendas do cânion, cada vez mais perto do cintilante brilho que chegava arder os olhos. Sem muito esforço me apropriei de duas pepitas grandes, uma terceira caiu rolando entre as pedras indo se deixar na areia lá em baixo.


Descia com dificuldade, pois as pedras me causavam algum desequilibrio quando Ibijaú avançou sobre mim. Assim como a primeira pepita fomos as demais e eu pararmos na areia úmida. O doido se segurava numa rocha dependurado e, pendulando-se conseguiu recompor-se e desceu ligeiro. Apanhou umas das pedras douradas enquanto eu me apoderei novamente de outras duas. Logo percebi o que tinha em mãos: esfreguei uma pepita na outra e só não saíram mais faíscas porque partes de ambas estavam molhadas. Para sanar qualquer dúvida expus uma delas ao sol e o brilho foi tamanho que ardeu os meus olhos. Saquei um pequeno canivete e passei a ponta naquela menos vistosa, o metal não causou sequer um arranhão no seixo. Sorri comigo e gritei: _ Conhecem o ouro de tolo? _ Logo senti mais um safanão, era Ibijaú que tomava de mim definitivamente o falso ouro e correu léguas sumindo por entre os paredões. Niquitibio ria ainda mais frouxo enquanto gritava em tom de zombaria: _ Era pirita, era pirita! _ eu levei a outra pedra para Urutagua que, toda festiva, mascava mais goiabinhas e dizia para os murundus ser a mais rica ave daqueles paredões. Depois de tantos acontecimentos singulares tomamos o caminho de volta para a casa verde sobre onde de vez em quando voejam os taperuçus.

O leve vento da tarde soprou trazendo consigo a secura numa atmosfera pálida e carregada de desânimo, como se toda aquela aventura tivesse chegado ao seu ato mais sublime e, dali por diante apenas a ressaca deixada pelas experiências vividas ou recebidas obrigatoriamente por quem de uma forma ou de outra se tornou protagonista, em algum momento foi preponderante para o enredo, mas chegava enfim ao seu derradeiro ato.


Assim demos as costas para as montanhas imensuráveis e o chão e suas cores escuras e seres de adaptabilidade incrível. Os taperuçus a muito deixaram de voar e o sol queimava. Voltamos, portanto e, cada um em seu próprio interior buscou um lugar de repouso. Recostei sob um exuberante jatobazeiro e as suas graciosas flores alvas a espera das mamangavas e morcegos. O corpo doía um pouco e ninguém estava próximo, foi quando adormeci. Acordei com certeza horas depois sentindo um frio estranho que pelejava em entranhar pelos poros. Levantei num rompante e busquei pela gandola. Anoitecia e algumas estrelas já eram possíveis no firmamento. Senti que precisava de um banho, mas percebi que, pelo reflexo de sombras no chão que vinha da casa esverdeada, os meus amigos estavam reunidos. Avancei lentamente enquanto um bacurau pedia insistente tabaco bom, tabaco bom, bom e o joão-corta-pau não parava de falar o seu nome. Entrei pela grande porta de correr no instante em que Niquitibio, Griseu e Urutago sorviam cada um uma talagada generosa de cachaça. O curiango gritava lá fora o seu nome: Curiango! Curiango! ­_ Onde posso tomar um banho, estou exausto…_ perguntei no que Niquitibio respondeu:

_ Não, essa hora já passou, vai comer alguma coisa, pois vamos daqui a pouco atrás daquilo que aflige esses pobres perturbados. _ Apontava para Griseu e seu filho enquanto que com olhar buscava Ayaymama e a pequena Urutagua. Elas estavam diante o fogão a lenha, imóveis. Perguntei se poderia me servir e não obtive resposta. Continuaram assim, numa inércia incomoda, como se aquela paralisia fosse indelével, acumulando com o tempo frio, parado e seco uma terrível sensação de não existir. Peguei um prato e me servi do requentado do almoço enquanto Griseu falava:
_ Pois cês vai ver que o trem vem do nada e, depois dos rasgos de pele volta pro lugar nenhum…
_ Pois eu acho que veremos bem mais que o extraordinário! _ Eu falei enquanto me ajustava à mesa. Urutago me olhou com olhos de farol, esbugalhado amarelo e negro:
_ Ah, pois, que vou porque cês vai, ainda sinto a dor do rasgo!
_ Será um grande ser de carne e ossos, oxalá de penas! _ E Niquitibio sorveu mais um trago de cachaça.
_ Só se for o passarim do capeta _ Urutago, acompanhando-o no gole seco e tomando inconvenientemente a colher de mim roubando do meu prato boa dobra do mexido acomodada fartamente em sua mão.
            Saímos então, os quatros homens, sabe-se lá a que horas em direção ao cânion. Ayaymama e Urutagua permaneceram imóveis. A noite então engoliu os arredores e somente os arbustos e monumentos naturais que tomavam formas de homens e feras nos assustavam até se comporem no brilho das lanternas. Os bacuraus de quando em quando pedindo tabaco e falando os seus nomes, ao longe, nas conformidades mais distantes, aqueles pontos para onde durante o dia apontamos com facilidade, mas à noite tornam-se sem norte, tomam na nossa imaginação os caminhos mais próximos e ameaçadores, o a qualquer momento o de repente horripilante e inevitável. A noite é um suspiro nos nossos ouvidos, o bafo quente do inimigo em nossa face: a fagulha que de um instante vira chamas incríveis a consumir a todos e a tudo. E a mente a mãe das impossibilidades. Ao olhar para trás tive a preocupante noção de que tinha me separado dos demais. Eram compreensíveis os clarões das lanternas distantes de mim.


Eis que do cânion um som muito familiar ecoou. Sorri comigo, pois acabava de confirmar as suspeitas que a muito trazia comigo, desde a última vez que estivemos nessas terras de pedras e vida afeita à brutalidade das intempéries e escassez de recursos. Tomado de confiança e ciente que não havia nenhum perigo me dirigi ao local. Toquei com o celular aquela voz e, em pouco tempo percebi o vulto em minha direção. Sobrevoou sobre mim e se deixou ali em um galho alto de uma colher-de-vaqueiro. Retornei para dizer aos meus companheiros a minha descoberta quando um grito de dor, sofrido e arrepiante tomou toda a noite. Estaquei de pronto, pálido já, sem reação por um segundo infinito. Tomei um choque quando uma mão se pôs no meu ombro. _ Que caralho é esse véim?! _ Era Niquitibio que revela também um assustado olhar e tremuras de dedos. Logo uma correria se fez em nossa direção, vindo não da estrada, mas do entorno, à esquerda, subindo galopante o leve e sequencial altiplano de um breve vale. _ Pronto, agora fudeu!!!_ Corremos desenfreados na direção contrária, mas aqueles passos eram absurdos, como se encontrassem metros em um simples elevar de pés. Passadas duras, disparatadas, deveras socos constantes na terra e cada vez mais próximas. Um atropelado e ofegante furor de ventas já era possível e nada havia mais a fazer. Logo a criatura se pronunciou em nossa frente. _ Cês ouviram, que trem doido! _ Era Urutago, ainda mais tomado de arrepios. _ A besta pegou o pai! _ disse, enquanto outro grito tomou a noite. Dessa vez corremos na direção, numa eletrizante mistura de curiosidade, pavor e coragem.  Encontramos Ayaymama que, aos prantos se jogou nos braços de Urutago.

_ Salva seu irmão, ajude Ibijaú! _ Dizia, em meio ao choro compulsivo. Ficamos atônitos, fugia de nós a ação. Niquitibio faz um movimento de refuga. _ Que presepada é essa! _ mais um golpe em direção ao seu corpo e, na esquiva desequilibrou-se e foi ao chão. Urutago em um rompante deu um safanão que acertou em cheio um estranho vulto que naquele instante todos percebemos. Tal vulto se fez inerte com o golpe. Era um ser cujas mãos apresentavam rugas assim como a sua cara marcada – e um desgraçado bafo de cachaça que fazia qualquer um se arredar de perto. Niquitibio, porém, esbaforido e exalando quanto se levantou e pegou o vulto pelo pescoço _ Velho filho de uma ronca e fuça, então queria me golpear safado! Joga a lanterna ali _ ordenou-me apontando para um objeto que se revelou na luz ser um cultivador – como meu amigo previra quando analisava as marcas na pele de Urutago. _ Aí está a besta cheia de covardia que avança contra os próprios filhos!


Ayaymama a esta altura cuidava dos ferimentos em Ibijaú. Urutago socou o estômago de Griseu que se descompôs de vez. Todos estavam surpresos, estupefatos até, menos eu. Não é de se espantar a maldade vinda de um ser humano. Ali perto o canto cheio de melancolia ecoou novamente. _ E essa é a responsável pelo barulho triste que vem do cânion, a mãe-da-lua! _ Apontei a lanterna para o galho e seus olhos brilharam como um farol. Griseu se levantou e também observou, maravilhado, a misteriosa e bela criatura.

            Niquitibio me fez um sinal com a cabeça para que saíssemos dali. Chegamos a casa inventando caminhos, criando atalhos entre árvores, murundus, pedras e escuridão de uma maneira espantosa, pegamos nossas coisas e jogamos de qualquer maneira no carro. Senti alivio quando a alvorada nos mostrou a silhueta do Morro do Camilinho. _ Desgraça, a cachaça do velho não deu pra pegar nenhum trago… Podíamos dar uma chegada naquela reserva para vermos as plantas carnívoras… _ Niquitibio disse, puxando assunto depois de horas de silêncio. Não sei o meu amigo, mas corroia-me a curiosidade de saber o que a família do cânion estava fazendo com o dilema de toda aquela situação. Será que ainda estavam encantados pela beleza misteriosa da mãe-da-lua, a ave noturna mais ouvida que vista – mestre da camuflagem e que também é chamada de ayaymama, ibijaú, urutago, urutagua e Nyctibius griseus?
O Pagode Russo ecoou do aparelho celular mais uma vez na voz pulsante de Gonzagão…

Geraldo M. Pereira

GMJP

One thought on “O fantasma do cânion”

  • Daniel Saueressig disse:
    março 12, 2020 às 6:58 pm

    Bem legal!

    Responder

Deixe uma resposta Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts recentes


  • O fantasma do cânion
  • De Curvelo a Botumirim – em busca da rolinha-do-planalto
  • Micrastur semitorquatus (Vieillot, 1817) – uma família em Curvelo
  • Os nomes das famílias botânicas, por Gerdaff Lóra
  • Phylloscartes roquettei (Snethlage, 1928), uma raridade em Curvelo

Comentários


  • Henri Colemonts em Os nomes das famílias botânicas, por Gerdaff Lóra
  • Geraldo M. Pereira em Ameiva ameiva, o belo calango verde em Curvelo
  • Josean Mendes em Ameiva ameiva, o belo calango verde em Curvelo
  • Geraldo M. Pereira em É tempo de: Pyrostegia venusta
  • Alexandra em É tempo de: Pyrostegia venusta

Arquivos

  • agosto 2018
  • abril 2018
  • dezembro 2017
  • setembro 2017
  • abril 2017
  • março 2017
  • janeiro 2017
  • dezembro 2016
  • novembro 2016
  • setembro 2016
  • agosto 2016
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • março 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • dezembro 2015
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • agosto 2015
  • maio 2015

Categorias

Aves Botânica Espeleologia Expedição Insetos Meio ambiente Memória Opinião Táxons Uncategorized Visão dos amigos

Páginas

  • Contato
  • Flora do Centro Mineiro Vol.1

Tradutor

Theme created by PWT. Powered by WordPress.org